quarta-feira, 14 de maio de 2014

Ser contra ou a favor da Copa do Mundo? Talvez seja um pensamento simplista e tardio...

O Brasil, como em outras vezes em sua história está dividido. No passado você poderia classificar a população entre pobres e ricos (talvez ainda possa). Mas em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, considerado por muitos o país do futebol, podemos dividir as pessoas que estão a favor ou estão contra a Copa do Mundo. E nesse assunto, é meio difícil ficar em cima do muro, talvez por envolver tantos fatores relevantes para a sociedade brasileira. Por isso vale uma reflexão ampla do que se trata essa divisão de opinião e seus motivadores.

Vou começar por quase 10 anos atrás, quando a FIFA decidiu por fazer um rodízio de continentes para sediar a Copa do Mundo, um dos maiores eventos do planeta. Parecia uma proposta interessante, afinal daria a oportunidade de difundir o futebol aos quatro cantos do mundo... Dar a chance para um povo que nunca pôde acompanhar um evento desse porte estar logo ali, bem pertinho.

Eu fui contra ao rodízio de continentes. Claro que eu queria ver uma Copa do Mundo no "quintal da minha casa", mas por enxergar o evento de uma forma diferente. Primeiro, receber um evento desse porte deveria ser uma questão de mérito. Algo como, aquele país fez por onde para sediar um evento desse porte. Esse mérito envolve desde aspectos técnicos (infraestrutura), socioeconômicos e culturais e não simplesmente por ser o continente da vez. Segundo, um evento desse porte não deveria ser "desculpa" para fazer ou deixar de fazer algo de melhor para o país. Mas muitas vezes encaramos a Copa do Mundo com uma visão romântica do evento que une os povos para celebrar através do esporte, mas esquecemos que a Copa do Mundo, para ser viável, é também um grande negócio.

Por esses motivos eu era contra o rodízio de continentes e contra também a candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014. E só serei convencido do contrário, quando alguém me dizer qual foi o critério técnico ou mérito que o Brasil ou a Africa do Sul tiveram como sedes. Nossa infraestrutura era a melhor que a dos outros concorrentes? Nossas condições econômicas eram superiores?

Depois que o Brasil foi escolhido, honestamente, apesar de temer pelo pior, fiquei por um tempo entusiasmado com a Copa do Mundo no Brasil. Imaginei comigo: "Bom... não fizemos por merecer, mas já que seremos a sede, vamos aproveitar essa grande oportunidade!"

Oportunidade de transformar algumas cidades caóticas em verdadeiros centros urbanos com transporte e segurança adequada. Nem pensei em escolas ou melhoria na educação. Afinal, qual o interesse da "dona" FIFA ou da Copa do Mundo em escolas modernas? Isso eu já sabia que não mudaria.

Mas acreditei que outras áreas poderiam mudar. Especialmente, no gargalo que temos nos meios de transportes e nos níveis de violência das grandes metrópoles.

Passado todos os últimos anos de preparação para o grande evento, vemos que nestes dois aspectos que mencionei, pouca coisa mudou. Alguns lugares sim, tem algumas estações a mais de metrô. Tem também um corredor de ônibus aqui e ali. Ah... Tem até reformas em alguns aeroportos. Mas ficamos por isso, o que é pouco. É só lembrar da promessa do Trem Bala Rio-SP que nunca saiu do papel.

E para piorar tudo, estamos em ano eleitoral. E muitos encaram o sucesso ou fracasso da Copa do Mundo como uma questão estritamente política. "Se ela for um sucesso, será vitória da situação! Se for um fracasso, será uma vitória da oposição!"

É óbvio que a Copa do Mundo influenciará as campanhas eleitorais. Mas questiono e muito a concepção de sucesso e fracasso de uma Copa do Mundo.

Para a FIFA, certamente ela será um sucesso financeiro.
Para o esporte nacional, tenho minhas dúvidas. Afinal, se o Brasil vencer mais uma Copa do Mundo, teremos ainda mais investimento ou divulgação do futebol no Brasil? Nossos campeonatos irão melhorar após a Copa? Nossas divisões de base serão melhor cuidadas?

Agora para a população geral brasileira, o parte do prejuízo já foi realizado. Não teremos os aeroportos modernos, estações de trens integradas com outros sistemas de transporte e de fácil acesso. A melhoria na segurança, será passageira.

Com isso tudo, para povo brasileiro torcer para o sucesso ou fracasso do evento me parece ser muito simplista...

O fracasso do evento, pode sim influenciar as eleições, mas acho que existe algo maior em jogo, que é a credibilidade das instituições e do povo em realizar um evento de patamar internacional. Seríamos o país que fracassou em sediar um dos maiores eventos do mundo. E isso cairia sobre os ombros de TODOS os brasileiros.

O torcer para sucesso do evento, também é complicado, pelo menos para mim. Afinal, será que fizemos o suficiente para que esse evento tenha sucesso. Será que se a Copa for um sucesso, seria como reforçar a mensagem de "sucesso a qualquer custo"?

Por isso, independente do resultado da Copa do Mundo, dentro e fora de campo, o Brasil de alguma forma sairá perdendo, pois a oportunidade que tinha para ter mérito ou reconhecimento sobre os legados da Copa já foi perdida.

Talvez o real legado da Copa seja esse momento de reflexão que algumas pessoas estão tendo.
Dessas pessoas que estão cansadas de torcer pelo fracasso e que começam a se preocupar com os méritos para alcançar o sucesso. E que poderão dormir com consciência tranquila sabendo que fizeram o certo e o máximo para chegar aonde estão.

Independente do sucesso da Copa do Mundo no Brasil.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Se você perguntou isso para seu amigo(a) que acabou de ter um filho, talvez você precise refletir um pouco...

Recentemente, vivenciei a experiência que provavelmente seja a mais importante de toda a minha vida. Meu primeiro filho nasceu.

Acompanhar todo o processo desde a preparação para o parto até o momento em que ele chora e é colocado pela primeira vez em meu colo é algo indescritível e que guardarei sempre comigo.

Mas após quase dois meses algo me chamou muito a atenção. Um comportamento repetitivo que notei em colegas de trabalho, amigos, parentes ou até mesmo desconhecidos que esbarramos no dia-a-dia sobre os primeiros meses de vida de meu filho.

Perdi as contas das vezes em que encontrava alguma dessas pessoas e a primeira pergunta que ela fazia ao saber que meu filho nasceu era: "E você está conseguindo dormir?"

Ouvi essa pergunta, ou variações dela ("Ele (o bebê) está dormindo a noite?") diversas vezes, em algumas ocasiões com um certo tom de preocupação, outras com aquele tom de sarcasmo ou de quem apenas está "tirando sarro" do novo pai.

Isso me preocupou muito, pois seja pela sociedade em que vivemos, pela educação que recebemos de nossos pais, por simples falta de informação ou experiência própria parece-me que as pessoas possuem uma imagem totalmente diferente da minha sobre se tornar pai ou mãe. Ou talvez as pessoas tenham algum tipo de trauma de suas próprias experiências como pais.

Então gostaria de compartilhar algumas reflexões pessoais sobre isso.

1) Qual a imagem que você guardará ou guardou desse período?

Quando ouço tantas pessoas se preocuparem com as minhas horas de sono, não posso deixar de pensar que a imagem que essas pessoas possuem da paternidade (ou maternidade) é de pais exaustos com olheiras.

Não vou desmentir que sim, existem noites que sinto falta de longas horas de sono. Mas de todas as coisas que aconteceram e acontecem nos cuidados de meu filho, esta é sem dúvida uma das coisas de menor importância.

E para minha surpresa e alegria procurei imagens no Google com os termos "New Dad Struggling", "New Dad Hard Time" ou "New Dad Sleep Deprivation". Os resultados foram os melhores possíveis!

Uma ou outra imagem engraçada apareceu no resultado, mas a maioria das fotos eram de pais com crianças no colo felizes. E isso é o que realmente eu guardo e minha memória.

Da noite em que meu filho não parava de chorar, mas que dormiu profundamente no meu colo, como se dissesse: "Este sim é um lugar seguro para eu ter uma boa noite de sono!"

2) Aquilo que você transmite é também o que seu filho(a) irá absorver

Por mais louco que possa parecer, ou que você não acredite em nada que não seja puramente científico, eu acredito que desde bebês absorvemos parte das mensagens e energias que estão em nosso ambiente. Sejam elas positivas ou negativas.

Por isso, sempre penso que pelo menos nos primeiros meses de vida de bebê, transmitir tranquilidade, conforto, segurança e amor é aquilo que o bebê irá absorver.

Claro que existem dias e responsabilidades do cotidiano que são duras e fazem você ficar estressado, chateado e tudo mais. Mas lembrar do sorriso do meu filho muitas vezes parece diluir toda essa sensações ruins.

3) Ter um filho é uma grande oportunidade de admirar ainda mais a sua esposa

Para aqueles casais que possuem uma relação saudável, a paternidade para os homens é uma boa oportunidade para aumentar sua admiração e sua atenção para sua esposa.

Digo isso, pois não é justo comparar a experiência de um novo pai com uma nova mãe. A mulher passa por transformações muito maiores e vivência coisas que nenhum pai pode sequer imaginar.

Após compreender isso, ganhei uma admiração ainda maior por minha esposa. Mesmo eu estando próximo e ajudando na medida do possível, quem realmente cuida do bebê durante a gestação é a mulher. E talvez por esse esforço é que a mulher é recompensada pelo laço materno instantâneo que se forma entre mãe e filho.

Para alguns pais esse sentimento de paternidade pode demorar um pouco para surgir. Mas quando ocorrer será também uma experiência incrível. No meu caso me fez compreender melhor algumas atitudes de minha esposa e aumentar ainda mais nossa cumplicidade e carinho.